26/03/2008
NOTÍCIAS | Senhor em “compasso” pela freguesia
A tradição mantém-se. A visita pascal percorreu as habitações da freguesia naquela que é uma das mais antigas tradições vilanovenses
Os habitantes da freguesia de Vila Nova de Monsarros “receberam o Senhor em suas casas, cumprindo-se, assim, um dos mais enraizados costumes vilanovenses”, sublinha Manuel Raposo, elemento da comissão fabriqueira da Igreja Matriz.
O “compasso”, ou “beijar do Senhor ressuscitado”, tradição religiosa realizada anualmente no domingo e segunda-feira de Páscoa, “é um hábito local que não se quer deixar cair no esquecimento”, frisa aquele elemento da comissão de fábrica. “É uma simbólica forma religiosa de levar a cruz de Cristo a cada residência e, claro, um pouco de alegria”.
Esta acção católica levada a cabo em diversos pontos do país é maioritariamente realizada nos templos locais, sobretudo “em grandes povoações, pois os sacerdotes não conseguem chegar a todas as casas. Todavia, em Algeriz, Grada, Monsarros, Parada, Poço e Vila Nova, existe um grupo de pessoas que se reúne e leva a cruz às habitações”, explica aquele membro da comissão fabriqueira.
Celebrações anteriores
A preparação para o domingo do “beijar o Senhor ressuscitado” principia no domingo anterior à Páscoa, com o dia de ramos. Na quinta-feira seguinte realiza-se a ceia do Senhor, a que se segue a adoração da cruz, na sexta, e a bênção do lume, água e luz, no sábado. “São rituais executados pelo pároco. Uma espécie de preparação para o dia que antecedem”, destaca Manuel Raposo.
O culminar celebrações “tem lugar no domingo de Páscoa, com a Missa da Ressurreição e procissão solene pela rua principal, procedendo-se posteriormente a concretização do compasso”.
“Tradição a manter”
A visita pascal tem início pouco depois das 8h30.“Relativamente simples de realizar, mas com grande significado, consiste numa oração de início, a que se segue o beijar da cruz, concluindo-se com os votos de felicidades”, esclarece Manuel Raposo.
Apesar de “haver aquelas pessoas que se queixam de não ser o padre a concretizar esta celebração, o que interessa é a mensagem e a cruz de Cristo e não quem a carrega”, salienta. Aquele interveniente defende a apologia do gesto, “não interessa ver a casa e o que tem, mas o beijar da cruz e reconciliação, acolhimento entre familiares e amigos. Beijar o símbolo com a fé de que se beija Cristo”. Para
Manuel Raposo e para a comissão fabriqueira, esta “é uma tradição para
continuar. Faz parte de uma fé que as pessoas têm, que mexe com todos”.
Esta é uma tradição defendida por muitos, mas que alguns admitem que se deve realizar na Igreja Matriz de Vila Nova de Monsarros. Natural de Algeriz, Fernanda Carvalho reconhece que “é um bom costume, que há muito está enraizado”, apesar de sustentar a ideia de “beijar o senhor na igreja”, legitimando que “seria mais prático e não mudaria nada”.
A visita pascal cumpriu-se ao no domingo em Vila Nova de Monsarros, Grada e Monsarros, tendo sido concretizada no Poço, Algeriz e Parada na segunda-feira.
Texto e fotografia: FVNMOnline/DR
© fvnmonline
Publicado a
26/03/2008 por FVNMOnline© fvnmonline
Categorias: Algeriz , Freguesia de Vila Nova de Monsarros , Grada , Monsarros , Notícias , Parada , Poço , Religião , Usos e Convívios , Vila Nova de Monsarros
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